Quando as lentes do olhar renovam os horizontes, tudo que parece o mesmo, pode vir a ser diferente.

27 maio 2014

Imagens

No descolorido
do retrato,
um rosto em 3 x 4
se esvai no tempo.

Que saudade daquele
momento,
mole como gelatina,
duro como um momento de dor
que se eterniza.

È o tempo que nos faz
perder a forma
contra toda norma,
roubando-nos
qualquer dia
que é todo dia na vida.

(Adaury)



22 maio 2014

Cantar

Canto cada canto
que apaga seus rastros
e emenda seus rasgos
que suplanta pegadas
e varre todo resquício
porta afora.

Piso em caminho de ovos
com a cara de ontem
com o rosto enrugado
tendo o sol por testemunha.

Volto pelas mesmas pegadas
com a cara lavada
com o cantar mais forte
cicatrizando os cortes..

fazendo valer o acordo
firmado entre a alma e o
cérebro...
lugares onde o cantar
e o sentir são produzidos....
sem força,sem grito!

(ADAURY)



16 maio 2014

O bosque


Quando cortaram as árvores
do "bosque dos Maias",
tudo ficou mais claro
mais quente
e mais chato.
Sumiram os pássaros,
os répteis e os macacos.

Dizem que irão
transforma-lo numa
dessas auto-academia
de musculação, pública,.....

.....onde as pessoas
modelam os corpos
mas....se esquecem das almas.

(ADAURY)



14 maio 2014

4a feira

Vieram as nuvens
vieram os ventos,
vieram todos os elementos.
Chegou correndo
a chuva da tarde,
só o crepúsculo
se esvaiu.
Chegaram as flores
e os passarinhos,
era a primavera
no fim de abril.

(ADAURY)



13 maio 2014

 A Inocência do Prazer
Cazuza
(de: George Israel e Cazuza)


Já passou, fomos perdoados
Por todos os deuses do amor
Acabou, podemos ser claros
Como era antes, seja lá como for
Alguém tentou desesperadamente
Sentir algo decente
Sou feliz, pois já fui julgada
Daqui pra frente, tudo é meu
Então fala baixo
Fala baixo e sente
Eu vou te dar um presente

Vento novo, flores e cores
Fim do verão tropical
Novos ares, novos amores
Tudo volta ao seu estado normal
Sou feliz e trago as provas
Nos meus olhos molhados
E vejo a vida tão diferente
Eu já posso entender
A inocência do prazer
Então fala baixo
Fala baixo e sente
Eu vou te dar um presente


12 maio 2014

A vida

Visceral,prematura,efêmera,fugaz
até onde se foi ontem?
onde ir pela manhã,quando parece que ainda é noite?

Que rumo seguir, que sumo beber?
ainda tem-se esperança...fugidia como água por entre os dedos..
tanta falta de alguns...desleixo e desdém
relativismo e coração de pedra...
o retrato do meu pai,a voz do meu pai,a falta do meu pai....
um absurdo irreal e intocável....reticências que não acabam


reticências que não acabam...oque é a vida, a não ser para
buscar ser feliz e fazer outros felizes....
sem amarras...sem fronteiras,
sem ficar a margem ou marginalizar a outros...
....oque vale é a vida...
só a vida.

Adaury

Acrobata da Dor

Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
salta, gavroche, salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta ...

Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
nessas macabras piruetas d'aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço.

Cruz e Sousa

09 maio 2014

 Dia das Mães - aqui minha mãe  Sra. Maria Lima da Rocha

MÃE
(Barreto Coutinho)

Mãe - alma querida e Santa -
astro de divino brilho,
cuja luz a treva espanta
dos dissabores do filho
Mãe - criatura tão cara
do filho o mais santo altar...
- Quem perde essa gema rara
nunca mais há de encontrar!
Mesmo as aves, essa eterna
verdade mostra nos ninhos:
que se fez de alma materna
de amor ternura e carinhos.
Quando a sorte me arremessa
as mágoas , elas têm fim,
pois minha mãe nunca cessa
de pedir a Deus por mim

Uma vez vi-a rezando
aos pés da Virgem Maria,
Era uma santa escutando
o que outra santa dizia
Se uma coisa me tortura
e o pranto aos olhos me vem,
minha mãe - santa criatura
chora comigo também!


E então nos seus olhos leio
meu pranto o que há lhe causando:
-Só mágoas ao santo seio
que a dor tem santificado!

Por vossa infinita bondade,
Deus que eu creio e reconheço,
dai, pois, a mais longa idade
ao ser que eu tanto estremeço!




(Um conjunto de oito quadras constitui o poema intitulado "Mãe", de autoria do médico pernambucano Barreto Coutinho. Das oito estrofes, pelo menos seis delas têm sentido completo e independente. Daí que a quinta estrofe desgarrou-se das demais e, com ligeira alteração, tornou-se a "celebridade da família", a ponto de seu autor até hoje ser identificado por essa trova, uma das mais conhecidas, se não a mais conhecida no Brasil, em todos os tempos.  A ponto de muitos autores, ao longo do tempo, terem composto muitas trovas (e até feito paródias) bem ao estilo da trova abaixo:

Eu vi minha mãe rezando
aos pés da Virgem Maria.
Era uma santa escutando
o que outra santa dizia...

     E do poema completo, publicado pela primeira vez no jornal "A Província", de Recife, em 18 de janeiro de 1912, pouco se fala.  Barreto Coutinho, que viria a falecer em 1976, apesar de nascido em Recife, radicou-se em Curitiba, a ponto de alguns confundirem, achando que ele seria paranaense. O poeta residiu, por muito tempo, à Rua Alfredo Bufren, 86, aptº. 14-B.)




naquela manhã de maio 
a sensação era estranha 
a casa ainda estava ali 
a mesma cerca caída,
o mesmo portão quebrado,
as mesmas paredes caiadas,
na sala o mesmo retrato pintado
trazendo um outono inteiro de tristeza 

Pat Andrade


 Poesia de agora por Adaury Rocha

É...tanto

Quando vir o rubro da aurora
e as pequenas aves despertarem
nos galhos,
mirem-se na dinâmica da natureza,
e corra para a vida.

É tanta cor,tanto amor
que o furor das coisas negativas
passam ao longe e viram os rostos
em outra direção.

se bem que com essa visão
nem sei se existe algo negativo!

(ADAURY)


08 maio 2014

A flor

Um corpo sem vida
sobre a cama,
e tudo vem a superfície....

e nada mais existe!
-Ah! sabe aquele sentimento
que chamamos de amor?
-Agora não passa de
lembranças.....
no máximo,torna-se
concreto,
sob a forma de
uma flor!

(ADAURY)


Quando ví
já havia passado tudo,
a banda,o samba,a escola....
e tudo oque restou....
foram os restos das alegorias
espalhados de forma desordenada
sobre o tapete das flores de jambo
que começam a cobrir o solo.

(ADAURY).