Quando as lentes do olhar renovam os horizontes, tudo que parece o mesmo, pode vir a ser diferente.

30 janeiro 2015

Piracema

No rio,canoa e pescador
vão descendo no remanso
o barquinho a favor do vento
contra a correnteza com força.
Joga a tarrafa no banzeiro,
tira o batelão da vaga
que abriu-se na passagem
do choque com a proa da balsa.
Vendo crepitar de peixe
na flor d"água
joga a rede
que o arrastão vai dar fruto.
..e mais duas canoas chegam "junto",
tem peixe pra todo mundo,
é piracema no rio,
canoa e pescador
com a sorte a favor.
Hoje não tem ninguém "panema"
não tem canoa vazia
é tempo de piracema
e entoa-se a cantoria.

(ADAURY)


28 janeiro 2015



"...tempo é um tecido invisivel em que se pode bordar tudo, uma flor, um pássaro, uma dama, um castelo, um túmulo. Também se pode bordar nada. Nada em cima de invisivel é a mais sutil obra deste mundo, e acaso do outro."




Cada um rema sozinho uma canoa que navega um rio diferente, 
mesmo parecendo que esta pertinho.
Guimarães Rosa



26 janeiro 2015


As Luas de dezembro brilham dentro da sala
São coloridas ou douradas 
as luas de dezembro;
me trazem à infância,leves, frágeis, quebráveis
a árvore seca imitando neve é envolta de algodão,
E as luas de dezembro ao ar  feito bolhas de sabão.

Aog Rocha


Reverbera

Um mandala depenado na casa de janelas de espera
O sacro amor profano
A falta de saber deixar
E os telefones todos com ela

Esse seu me abandonar por aí
Minha solidão, querendo seu estranho desejo odioso.
E várias outras mãos te digitando
E os telefones tocam sem ela

E desse vai sem ir
Nesse insosso sabor de desdém
Aonde eu vejo e penso lembro
E o telefone reverbera essa aquarela.
André Luz Gonçalves