Dia das Mães - aqui minha mãe Sra. Maria Lima da Rocha
MÃE
(
Barreto Coutinho)
Mãe - alma querida e Santa -
astro de divino brilho,
cuja luz a treva espanta
dos dissabores do filho
Mãe - criatura tão cara
do filho o mais santo altar...
- Quem perde essa gema rara
nunca mais há de encontrar!
Mesmo as aves, essa eterna
verdade mostra nos ninhos:
que se fez de alma materna
de amor ternura e carinhos.
Quando a sorte me arremessa
as mágoas , elas têm fim,
pois minha mãe nunca cessa
de pedir a Deus por mim
Uma vez vi-a rezando
aos pés da Virgem Maria,
Era uma santa escutando
o que outra santa dizia
Se uma coisa me tortura
e o pranto aos olhos me vem,
minha mãe - santa criatura
chora comigo também!
E então nos seus olhos leio
meu pranto o que há lhe causando:
-Só mágoas ao santo seio
que a dor tem santificado!
Por vossa infinita bondade,
Deus que eu creio e reconheço,
dai, pois, a mais longa idade
ao ser que eu tanto estremeço!
(Um
conjunto de oito quadras constitui o poema intitulado "Mãe", de autoria
do médico pernambucano Barreto Coutinho. Das oito estrofes, pelo menos
seis delas têm sentido completo e independente. Daí que a quinta estrofe
desgarrou-se das demais e, com ligeira alteração, tornou-se a
"celebridade da família", a ponto de seu autor até hoje ser identificado
por essa trova, uma das mais conhecidas, se não a mais conhecida no
Brasil, em todos os tempos. A ponto de muitos autores, ao longo do
tempo, terem composto muitas trovas (e até feito paródias) bem ao estilo
da trova abaixo:
Eu vi minha mãe rezando
aos pés da Virgem Maria.
Era uma santa escutando
o que outra santa dizia...
E do poema completo, publicado pela primeira vez no jornal "A
Província", de Recife, em 18 de janeiro de 1912, pouco se fala. Barreto
Coutinho, que viria a falecer em 1976, apesar de nascido em Recife,
radicou-se em Curitiba, a ponto de alguns confundirem, achando que ele
seria paranaense. O poeta residiu, por muito tempo, à Rua Alfredo
Bufren, 86, aptº. 14-B.)